Paulicéia Acelerada


Sem pedir para entrar
outubro 1, 2008, 11:41 am
Filed under: Anna Ligia

Por Anna Ligia Machado

Sete da manhã. Estou dirigindo e paro no farol, a caminho da universidade. Ao meu lado, pessoas dormindo. Vejo suas casas e observo seu sono. Elas moram nas ruas, mais especificamente embaixo de um viaduto.

Fico imaginando como é não ter um teto e, desta maneira, ter de partilhar momentos íntimos com uma multidão, que por aqui passa cotidianamente.

Não ter liberdade para se despir ou se relacionar e nem ter TV como passatempo. Não poder fechar as janelas para evitar a claridade de um novo dia que chega e nem ter onde se abrigar em dias chuvosos. Acordar e dar de cara com um mundo que já amanheceu e que segue para cumprir mais um dia de suas atividades rotineiras.

Durante os poucos minutos em que o farol está vermelho, os meus olhos devoram a cena que vejo pela janela. É tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe.

Vejo a desigualdade no rosto de cada um dos moradores da residência que tem o céu como teto, o concreto como cama e o asfalto como quintal. A velocidade de São Paulo passa ao lado, mas não pára por aqui. O ritmo da produção também não. Embaixo deste viaduto, há seres humanos cuja busca diária é pela subsistência.

Levo um susto que me traz de volta à realidade. É um pedinte batendo em meu vidro. Ele quer esmolas. Digo que não tenho e ele se vai. Então, o sinal abre e eu acelero, afastando-me novamente da dura realidade das ruas, com a triste sensação de ter as mãos atadas. Amanhã e depois, voltarei a visitar esta casa, na qual ninguém precisa bater à porta para entrar.



Preconceito não!!!
maio 25, 2008, 10:25 pm
Filed under: Bruna Parron

A Parada do Orgulho Gay aconteceu hoje na nossa cidade e novamente trouxe a discussão do preconceito e da dificuldade de aceitação da opção sexual dos outros. Acredito que as pessoas devem ser julgadas pelo que fazem de bom ou de ruim aos outros, pelas atitudes que afetam a vida de terceiros positiva ou negativamente.

Acredito que a opção sexual de uma pessoa não prejudica as demais, só reforça a diversidade natural do homem, o que é muito bom. Seria muito chato se fôssemos todos iguais! 

Eles pararam a Paulista? A Marcha para Jesus também interditou ruas em São Paulo há 3 dias, a vinda do Papa também parou Sampa e ninguém reclamou.

Festejar com responsabilidade e respeito é sempre positivo. Famílias com crianças e avós participaram, o que mostra que não há nada de indecente  ou inaceitável no mundo gay.

Nossa cidade ficou mais alegre e colorida hoje. A expectativa é que a festa tenha quebrado um pouco mais o tabu e a rigidez de pensamento, fazendo com que cada vez mais seres humanos sejam julgados por suas atitudes e sua influência positiva ou negativa, e não pela sua opção de como viver a sua vida.

Termino com o link de um post de um blog que mostra uma foto que acredito ilustrar o que tentei passar aqui.

http://gayeok.wordpress.com/2008/04/27/homem-hetero-pelos-direitos-gays/

Espero que reflitam sobre isso!!!

Até logo!!!



POR ALGUNS GOLES A MAIS
maio 24, 2008, 2:42 pm
Filed under: Anna Ligia | Tags: , , ,

As manchetes dos últimos dias concentram histórias de acidentes de trânsito causados pelo consumo de álcool. Que bebida e direção não combinam, todos estão cansados de ouvir. Mas, para alguns, entra por um ouvido e sai pelo outro. É “caretice”!

Apesar de defender e acreditar na liberdade de imprensa como um grande bem social, estou repensando minha opinião sobre as publicidades de bebidas alcoólicas. Ilustrando ilusões amplamente consumidas pelos jovens, elas mostram homens e mulheres bonitos, num clima de azaração e alegria, onde o final é sempre feliz! Pena que não é bem assim que acontece. Os mesmo jovens que consumiram as bebidas anunciadas e se divertiram, têm que encontrar um jeito de ir para casa e infelizmente, muitos optam por ir dirigindo. Por quê essas propagandas não ilustram o fim da noite e incentivam o uso de táxis, por exemplo? A resposta é óbvia: o produto com certeza chamaria menos atenção do que ao mostrarem uma “gostosa”, como a  Juliana Paes…

A grande maioria das pessoas sente prazer em beber e não há mal nenhum nisso. Seja um choppinho, um vinho, uma dose de whisky… Mas o que vemos hoje é diferente! É o famoso “beber, cair e levantar”, refrão do novo sucesso musical popular. Vivemos uma fase de exageros, falta de limites e principalmente de ausência de diretrizes norteadoras da juventude. E é então que entra o papel da bebida, como forma de preencher a lacuna vazia na vida de alguns jovens. Sua superficialidade e a ocupação de sua mente pela valorização do consumo e das posses os levam a ser literalmente devorados pela publicidade e pelas ilusões vendidas por essa. 

No final, destrói-se vidas, mentes e sonhos. Tudo por alguns goles a mais.

Termino deixando dois links e um artigo para refletir sobre o assunto:

*Vídeo de um garoto de Brasília que, parado por uma blitz, não conseguiu fazer o teste do bafômetro, devido ao estado em que se encontrava: http://www.youtube.com/watch?v=iaATjY54DSs

*Vídeo da música “Beber, cair e levantar”:  http://br.youtube.com/watch?v=_NUz9Jd8z9o

Artigo de Barbara Gancia sobre o assunto, publicado na Folha de S. Paulo de ontem (23 de maio):

Chegou a Zeca-Hora de dar um basta

Os jovens, meninas inclusive, bebem demais, comem de menos e voltam para casa em horários impensáveis

SINCERAMENTE, NÃO AGÜENTO mais ver mãe sofrendo morte de filho. Na sexta-feira passada, pela segunda vez em menos de dois meses, fui ao velório do filho de uma amiga, morto aos 24 anos em um acidente de trânsito ocorrido na madrugada.
A dor que presenciei chega a ser obscena de tão intensa. Minha amiga, que sempre conheci para lá de radiante, teve o coração destroçado. Em sua agonia, a todos que a abraçavam, ela só conseguia balbuciar a mesma pergunta: “Como vou viver sem meu filho?”. Um dos presentes me contou que aquele era o quinto velório de jovem a que ele comparecia nos últimos tempos. Andrey, o rapaz morto, não era de beber, mas a Vespa em que trafegava foi apanhada por um Audi que não prestou socorro. Seria o caso de deduzir que o Brasil está lutando uma guerra e que, ao completar 18 anos, nossos filhos, irmãos, primos e amigos estão sendo mandados para o front de batalha.
Mas se guerra houvesse, essa meninada ao menos estaria morrendo por uma causa e não tendo a vida interrompida sempre pelo mesmo motivo estúpido.
Parece haver uma conspiração contra essa geração que hoje está completando 18 anos e ganhando seu primeiro automóvel. Todos, meninas inclusive, bebem demais, todos comem de menos, todos vêm e vão em horários impensáveis de se sair e voltar para casa e todos, juntos, formam o público-alvo de uma indústria perversa, a de bebidas alcoólicas, que confunde propositalmente liberdade de expressão com permissividade a fim de criar novos consumidores (e vítimas).
Eu pergunto: como é que, até hoje, ninguém contestou em praça pública a venda de um produto indecente como aquela garrafinha de 300 ml de vodca adocicada, que é destinada exclusivamente ao consumo de gente jovem? Como podem as marcas de cerveja cooptar impunemente os ídolos da juventude para serem garotos-propaganda de seus produtos? Como pode o manobrista da casa noturna entregar, sem questionar, as chaves do carro ao jovem que está cambaleando de bêbado?
Nunca entendi esse negócio de “esquenta” -o ato de começar a beber antes da festa e só chegar à tal da “balada” em horários em que, antigamente, a gente estaria voltando para casa. Como é que os pais admitem esse ritual macabro? Não será óbvio que o “esquenta” aumenta as chances de o jovem se meter em encrenca e que seis ou sete horas de festa é tempo demais para qualquer um agüentar de cara limpa?
Tem pai que é cego, e a mera existência do celular passou aos progenitores uma falsa sensação de segurança. Se sei onde meu filho está, tudo bem, pensam eles. Mas não é bem assim. Por mais jovens que sejam os baladeiros de hoje, não há cristão, judeu, muçulmano ou descrente que agüente virar a noite na balada com música eletrônica. Tanto não há, que a prefeitura agora obriga por lei as casas noturnas a ter bebedouro acessível aos freqüentadores.
Alô, papai e mamãe para quem a ficha ainda não caiu! Desidratação combina com ecstasy. E bebida combina, sim, com volante e com briga. Ou será que ninguém nunca viu bêbado valentão pisar no acelerador e tímido reagir como leão quando está de cara cheia?

 



Está certo?
maio 22, 2008, 2:57 am
Filed under: Simone Coelho

parque do ibirapuera

É  cada vez mais comum ouvir nos grandes centros urbanos que a área verde está diminuindo. No entanto, cabe entender, a princípio, o conceito de fato.

Área verde urbana é toda aquela em que há predomínio da vegetação arbórea. Estão, obrigatoriamente, inseridas na cidade. Praças, jardins e parques são alguns exemplos. Espaço livre, entretanto,  tem diferente significação. Abrange um maior número de locais, pois a vegetação em questão, está situada em grandes espaços parcialmente ou integralmente implantados nos centros urbanos. . (Quer saber mais? Acesse: www.educar.sc.usp.br/biologia/prociencias/areasverdes.html)

São Paulo apresenta 248.209,426 m2, deste apenas 45.258.909 m2 correspondem as áreas verdes. São 34 parques, 2785 praças e 710 áreas jardinadas. (Dados: www.prefeitura.sp.gov.br).

Apesar disso, ainda conhecemos apenas o Parque Ibirapuera, Villa Lobos, Aclimação. As praças, muitas vezes, são lugares invisíveis, que passam desapercebidos. Os canteiros, que são 759 na cidade, encontram-se em condições precárias, abandonados.

A preservação e a manutenção do espaço livre não depende só do governo, parte dele a utilização de verbas para a melhoria destas áreas. No entanto, a população é a principal responsável por elas. Não cabe apenas um cuidado da prefeitura se as pessoas não ajudarem a cuidar e continuarem com os mesmo hábitos antiverdes. Conscientização vem, primeiramente, da família e da escola, depois o governo. Não quero aqui tirar a responsabilidades dos governantes não, mas quero alertar que não são os únicos agentes com ação em uma sociedade.

LEIA o texto escrito por Humberto Maia Junior, colaborador do Estado de S. Paulo, a respeito dos impactos nas áreas verdes causados pela urbanização crescente nas cidades. Link:http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20071214/not_imp95885,0.php



Cidade e Alma: Cinzas
maio 20, 2008, 4:17 pm
Filed under: Bruna Bariani

O sociólogo James Hillman escreve em seu livro “Cidade e Alma”, que a alma do ser humano reflete a cidade em que vive, e vice-versa. Confesso que a principio essa teoria me chocou. Como as pessoas da maior cidade da América Latina poderiam possuir um espírito cinza, essa cor tão indefinida? Que não se sabe dizer se e clara ou escura, neutra ou apática?
São Paulo tem mais de 11 milhões de habitantes, provavelmente quase o mesmo número de televisores (90% da população brasileira possuem TV em casa e apenas 46% apresentam saneamento básico em seus lares), celulares e um numero um pouco menor de aparelhos de MP3. O fato de a cidade ser tão populosa, obriga o paulistano a uma convivência em massa, forçada. É uma massa quase uniforme que entra e sai do elevador, anda de ônibus, de metrô, vai a restaurantes, anda na rua, no shopping, dirige carros… E com tanta gente, as pessoas ainda reclamam de solidão. Em uma tentativa de se preservarem com indivíduos, o isolamento parece ser a única opção: ouvir musica, ver TV dentro de casa, falar ao telefone com alguém que esta do outro lado da cidade e não com quem esta ao se lado, olhar para  chão ou para o nada quando se anda na rua, etc.
É basicamente uma recusa, uma reação quase automática de evitar ser apenas um numero, um código de carteira de identidade, ou um CPF entre tantos.
No fim, observa-se isso: uma multidão de pequenos indivíduos isolados, por uma bolha, um do outro.
E por fim, cheguei a uma conclusão, não é uma verdade única, é na realidade, um ponto de vista: vi a cidade cinza, aquela sem definição e contraditória, a cidade de milhões de pessoas aglomeradas e solitárias, que na tentativa de se individualizarem, se isolam e se vêem sós em uma multidão.



Micaretas paulistas
maio 20, 2008, 1:07 am
Filed under: Bruna Parron

Um garoto de 18 anos sem habilitação para dirigir atropelou quase 30 pessoas no Carnafacul, carnaval fora de época que aconteceu no Jabaquara, em São Paulo.

Nossa cidade está se tornando cada vez mais famosa pelas micaretas que acontecem aqui e pela animação dos micareteiros paulistas. A maioria das bandas baianas afirma que adora tocar por aqui. Isso deveria ser um motivo de orgulho, mas infelizmente tragédias estão se tornando comuns e os freqüentadores ficam com má fama por causa disso.

Vamos pegar o exemplo que aconteceu no último fim de semana e foi citado acima. Por causa de um inconseqüente muitos tiveram a festa estragada, mas a culpa é do primeiro citado, não das vítimas. Esse comportamento é inaceitável para os micareteiros, tanto que o rapaz quase foi linchado.

A falta se segurança também é absurda, afinal quando paga-se muito caro ( normalmente mais de 100 reais) por um ingresso, o mínimo que se pede é segurança. Os policiais militares ao invés de ajudar a controlar a situação ficaram tirando fotos.

Nesse panorama, de quem é a culpa por fatos como esse acontecerem?

Em micaretas, como em quase todos os lugares hoje, existe sim o consumo de drogas, “pegação”, etc, mas os que realmente amam axé vão para curtir seu artista preferido, para pular e se emocionar e não para outras coisas.

O ideal para os que querem “zoar” é ir para outro lugar e deixar os micareteiros de verdade se divertirem como se deve. Os organizadores e o governo devem cumprir a obrigação e dar segurança. Só assim Sampa vai continuar sendo admirado e requisitado pelo mundo do axé, parte importante da cultura brasileira.

Deixo vocês com um vídeo dá música Carrossel de Magia do Asa de Águia onde acredito que se sinta um pouquinho o que é de verdade uma micareta.



A SP DOS EXCLUÍDOS
maio 13, 2008, 6:39 pm
Filed under: Anna Ligia

Por Anna Ligia Machado

 

 

 

 

 

Quando a cidade de São Paulo é pautada, os temas mais recorrentes são o trânsito, as cenas de violência e o universo dos negócios, ou seja, os problemas que mais afetam as classes média e alta da metrópole. No entanto, pouco se fala das cenas de exclusão que presenciamos cotidianamente. Seja com o mendigo da esquina, com as crianças trabalhando nos faróis ou com os carroceiros. Assim como alguns lugares de São Paulo são invisíveis, (como tratei aqui no Paulicéia, no post Os lugares invisíveis de São Paulo) alguns de seus personagens também o são.

É difícil olhar para os indivíduos miseráveis, fruto da desigual sociedade na qual vivemos e, neste sentido, optamos por negar sua existência. Fechamos os vidros dos veículos e seguimos nossa rotina, isso quando não oferecemos algumas moedas aos pedintes na tentativa vã de ajudá-los a diminuir seus problemas.

Sentimo-nos de mãos atadas e culpados pelo que vemos pois, no fundo, sabemos que esta é a lógica do capitalismo e que para que os ricos e a economia se sustentem, sempre haverá pobres e famintos. É o chamado “colchão de sustentação” capitalista.

 

Ônibus 174

Acredito que foi com o objetivo de esclarecer essa situação que o diretor José Padilha (o mesmo de Tropa de Elite) resolveu produzir o documentário “Ônibus 174”, no qual busca resgatar as diferentes e profundas causas que levaram Sandro do Nascimento a seqüestrar o veículo e manter vítimas sob a mira de um revólver por cerca de 4 horas, tendo assassinado uma delas.

A triste e comum história de Sandro foi marcada por presenciar o esfaqueamento de sua mãe, quando tinha apenas seis anos. Durante sua adolescência, já morador de rua, o jovem também foi vítima da Chacina da Candelária.

 

O objetivo aqui não é o de justificar os atos de violência cometidos, mas sim de provar que a situação que vivenciamos hoje é fruto de sementes de indiferença e desigualdade com relação aos excluídos, plantadas pela sociedade brasileira por muito tempo.

E a violência só passou a ser vista realmente como um problema quando alcançou as classes privilegiadas da sociedade. A tragédia de ver dezenas de pessoas mortas na periferia não chega aos pés daquela proporcionada pelo assassinato de um rico.

 

Os atos violentos que presenciamos quase que diariamente não são nada mais do que um grito em busca de atenção daqueles que se calaram e que viveram esquecidos e marginalizados por tanto tempo.

Até quando essa situação se sustentará?

   

  

 

Deixo para vocês um vídeo com a música O meu país, do grande Zé Ramalho. A letra da canção(abaixo) permite uma profunda reflexão sobre o Brasil e nos faz repensar a forma como enxergamos o mundo a nossa volta. Grande Zé!

 http://www.youtube.com/watch?v=p2ECPW5GYzA

O meu país (Zé Ramalho)

 

Tô vendo tudo, tô vendo tudo

                                

Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo

       

Tô vendo tudo, tô vendo tudo

           

Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo

 

Um país que crianças elimina

                              

Que não ouve o clamor dos esquecidos

    

Onde nunca os humildes são ouvidos

                            

E uma elite sem Deus é quem domina

      

Que permite um estupro em cada esquina

                    

E a certeza da dúvida infeliz

                             

Onde quem tem razão baixa a cerviz

                           

E massacram-se o negro e a mulher

  

Pode ser o país de quem quiser

      

Mas não é, com certeza, o meu país

 

Um país onde as leis são descartáveis

                       

Por ausência de códigos corretos

                 

Com quarenta milhões de analfabetos

                      

E maior multidão de miseráveis

   

Um país onde os homens confiáveis

                           

Não têm voz, não têm vez, nem diretriz

                       

Mas corruptos têm voz e vez e bis

                 

E o respaldo de estímulo em comum

    

Pode ser o país de qualquer um

      

Mas não é, com certeza, o meu país

 

                 

Um país que perdeu a identidade

                      

Sepultou o idioma português

        

Aprendeu a falar pornofonês

                       

Aderindo à global vulgaridade

                      

Um país que não tem capacidade

                            

De saber o que pensa e o que diz

                         

Que não pode esconder a cicatriz

                         

De um povo de bem que vive mal

    

Pode ser o país do carnaval

       

Mas não é, com certeza, o meu país

 

Tô vendo tudo, tô vendo tudo

           

Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo

        

Tô vendo tudo, tô vendo tudo

           

Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo

 

Um país que seus índios discrimina

                               

E as ciências e as artes não respeita

   

Um país que ainda morre de maleita

                       

Por atraso geral da medicina

                       

Um país onde a escola não ensina

                             

E hospital não dispõe de raios X

                           

Onde a gente dos morros é feliz

                             

Se tem água de chuva e luz do sol

    

Pode ser o país do futebol

       

Mas não é, com certeza, o meu país

 

 

 



Corra que ainda dá tempo
maio 12, 2008, 5:56 pm
Filed under: Simone Coelho

 

 

 

 

Por Simone

 

Quem gosta de dança e de música flamenca não pode perder a apresentação de hoje a noite. Eva Yerbabuena e sua Companhia encerram a turnê de Santo Y Senã pelo Brasil. Depois de passar pela Theatro Muncipal de São Paulo, Teatro Bourbon em Porto Alegre, Sala Villa Lobos (Brasília), Theatro Muncipal do Rio de Janeiro, Teatro Castro Alves (Salvador) e Theatro Gaíra (Curitiba), a  bailarina se apresenta no Via Funchal, aqui em São Paulo, às 21h30.

O espetáculo reúne algumas das principais coreografias que realizadas pela Companhia ao longo de sua trajetória, como:  “De la Cava”, “A las Cinco de la Tarde, “Espumas del Recuerdo”, “Rarapata”, “Quiero y no Quiero” e ‘Cadencia’.

Em Santo Y Senã, estão 11 bailarinos, quatro atores e uma banda. Eva além se participar da apresentação,é responsável pela direção e coreografias.

Conhecida mundialmente por seu rigor técnico, precisão e movimentos, a dançarina sabe expressar a verdadeira tradição flamenca. É uma boa dica para quem quer aprender um pouco desta forma de expressão. Os ingressos custam de R$ 40 à R$ 150 e estão disponíveis na bilheteria do Via Funchal.

 

Se você ainda não conhece o trabalho de Eva Yerbabuena, pode acessar o site www.evayerbabuena.com.

 

 



Falta de tempo
maio 11, 2008, 8:25 pm
Filed under: Bruna Bariani

Se pararmos para pensar vivemos olhando o relógio, o calendário, a agenda no celular, mas será que a vida deveria ser assim?!

Acordo e não olho para a janela para apreciar o amanhecer, mas para ver se vai chover e o trânsito estará pior e eu chegarei atrasada. Quando paro em alguma lanchonete, quase me atrai mais a palavra “fast” do que “food”. Não pude ficar o dia das mães com a minha mãe e nem preparar um café da manhã especial porque o relógio apontava que estava na hora de trabalhar. Também não fui àquela festa especial ontem encontrar o cara de quem gosto porque lembrei que às 9h do meu domingo, o despertador tocaria e eu teria que passar o dia na redação.

Mas o fato, é que junto aos segundos do relógio a vida passa, e o tempo nunca volta, só deixa algumas lembranças do que poderia ter sido e não foi.

Vivemos em sociedade, e esta já impôs sua ditadura do tempo, então nos resta conseguirmos nos adaptar: Olhar para o despertador, mas também para o sol que nasce, não perder a hora, mas saborear a comida, trabalhar mas dizer às pessoas que gosta o quanto as ama, afinal, dizer “eu te amo” não leva mais que três segundos.

Se eu pudesse dar um conselho a você e a mim mesma, diria para olhar o relógio e ver a vida, não o contrário.



Carrocinha não mata mais animais saudáveis
maio 6, 2008, 10:28 pm
Filed under: Bruna Parron

 

Olá!!! Aqui quem escreve é Bruna Parron e estou aqui hoje para contar uma ótima notícia: uma lei assinada pelo governador do estado de São Paulo José Serra além de terminar com o sacrifício desnecessário de animais no Centro de Zoonoses também reconhece os “cães comunitários”.

           Eles são animais que vivem nas ruas, mas que são cuidados por moradores ou por comerciantes, mesmo sem estar dentro de casa nenhuma. Segundo a lei eles devem ser castrados, cadastrados e devolvidos às ruas a que pertencem.

Fomos às ruas procurar cães como esses e achamos algumas histórias bem interessantes no bairro do Cambuci, em São Paulo, cidade onde podemos encontrar diversos exemplos dos benefícios que os animais trazem às pessoas.

É impossível passar pelo cruzamento das ruas Freire da Silva e Independência sem ver alguns cachorros muito simpáticos andando ou descansando na calçada. Se olhar com mais atenção, vai perceber que eles têm um lugar próprio com caminha, comida e água. Toddy, Nescau, Barbudinho e Pateta convivem pacificamente com os moradores e pessoas que circulam por lá. Os motoristas de taxi do ponto que fica nessa esquina afirmam que eles nunca causaram problemas e só alegram o ambiente: “ Esses bichos nos distraem, nos divertimos muito com eles. Esses cachorros são muito bonzinhos e não fazem mal a ninguém, só fazem bem” afirma Adalberto Manfré, o Beto.

“Algumas pessoas tentam machucá-los, mas a maioria gosta deles. Sempre temos remédios e outras coisas para eles aqui” diz Antonio Carlos Oliveira, o Toninho, outro taxista, apontando para o ponto. Eles dizem que costumavam cuidar dos animais sozinhos, mas que agora quem cuida mais deles é uma vizinha.

É de Sonia Aparecida da Penha Muoio que eles se referiam. Ela tem três gatos e um cachorro,  além dos que ela cuida na rua. “Todos eles são vacinados, vermifugados e castrados. Não coloco eles para dentro porque acho que seriam infelizes. O Marrom só peguei  porque estava ferido, mas sinto que ele seria mais feliz na rua, com nossos cuidados, claro” declara Sonia, se referindo a seus animais de dentro de casa e dos “comunitários”. “Os animais são realmente os melhores amigos do homem. Minha família me abandonou, meus filhos e netos não me visitam, mas meus bichos estão sempre comigo. Eu os amo e exijo de todos o respeito que eles merecem”, completa.

Os taxistas dizem e os vizinhos confirmam que eles nunca morderam ninguém e que até trazem proteção para o lugar. Ninguém na rua aprova a remoção dos animais, afirmam que eles fariam muita falta, pois já estão lá há mais de cinco anos.

Em uma tapeçaria na mesma rua vivem dois vira-latas que eram “ comunitários” e se tornaram da “família”. Dirce Dias da Silva e seu filho Fábio da Silva cuidavam de Dingo e de Neguinha na rua (são eles na foto), até que se apegaram tanto que resolveram adotá-los realmente. “Eles são muito obedientes e amorosos. Passam o dia inteiro nos fazendo companhia e de noite protegem nosso estabelecimento. Nada paga os benefícios que eles trazem” diz Dirce. Em relação aos caninos do ponto de táxi, ela e Fábio dizem que sempre ajudam com leite e com tecidos para eles durmirem.

“Os donos de bares da região não se incomodam e nem os moradores, por isso não vejo porque tirá-los daqui, onde eles são felizes e nos fazem felizes” completa o filho da Silva.

Os defensores de animais estão animados e otimistas. O blog http://companhiaanimais.wordpress.com/ contém o endereço de vários sites relacionados a animais que valem a pena ser conferidos. Além dos relacionados no Companhia Animais, vale a pena também entrar no site  do criador do projeto de lei que legalizou os “cães comunitários” e proibiu a matança indiscriminada, o vereador Feliciano Filho http://www.felicianofilho.com.br/ .

 Por hoje é isso. Até breve!!!